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LÚCIA SANTOS
( Brasil – Maranhão )
Arari, Maranhão, nasceu em 1964.
É escritora e trabalha com poesia falada e teatralizada POssuio três livros de poemas publicados: Quase azul quanto blue (1992), Batom vermelho (1998) e Uma gueixa para Bashô (haicais, 2006).
Como letrista, é parceira de Zeca Baleiro e Nosly, entre outros.
POESIA SEMPRE. Ano 15 Número 30 2008. Polônia. Editor Marco Lucchesi. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 2008. 178 p. No. 10 381
Exemplar da biblioteca de ANTONIO MIRANDA
Eis a questão
em minhas veias
corre sangue mouro
sorriso nem choro eu nego
entrego o ouro ao bandido
o meu anel de ametista
a pista dos meus segredos
os meus medos infantis
a minha cruz
o meu credo
minha caixa de brinquedos
promessa de ser feliz
agora já não sei mais
se me arrependo
ou se me rendo
o que você não diz
não aprendo
Fado enjoado
haja lexotan
pra achar que é bom
dormir sem você
roncando ao meu lado
ainda bem que sou cristã
que rezo toda noite
pra me livrar do pecado
vade retro
te esconjuro
coisa mais chata a tua
cantando
aquele fado enjoado
a tua boca no escuro
me procurando
me lambendo
me babando
como se fosse criança
Deus me livre
guardar isso na lembrança
Antropofagia
os intelectuais de plantão
vão comer meu coração
não posso entrar em qualquer balada
sem antes ler a folha ilustrada
ela é que vai me dizer
o que fazer da minha ignorância
os intelectuais de lapela
enfiam o dedo na goela
pra vomitar ignorância
os intelectuais de plantão
vão comer meu coração
quantas estrelas deve ter um filme
pra me comover?
como é que se arquiteta
uma poesia concreta?
quem me ajuda na desconstrução
de uma instalação sem pé nem cabeça?
haja erudição pra juntar as peças
não posso gostar sem pensar
mas posso gozar sem trepar
divagar teorizar ludibriar
os intelectuais de luneta
só sabem tocar punheta
*
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Página publicada em maio de 2025.
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